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Empresa, moral e política: desafios da relação público-privado no Brasil

        O tema geral desta edição do Workshop Empresa, Empresários e Sociedade é Empresa, Moral e Política: desafios da relação público-privado no Brasil. “Não existe economia que não seja política e moral ao mesmo tempo”, é com essa frase que Marion Fourcade, uma das mais proeminentes pesquisadoras da Sociologia Econômica, sintetiza os desafios propostos aos pesquisadores que buscam superar analiticamente a dicotomia Mercado-Estado. Outro pesquisador proeminente da sociologia econômica é Mark Granovetter quem argumenta que a troca econômica que se caracteriza como corrupção decorre da estrutura de status de determinada sociedade. Por exemplo, na sociedade brasileira, o policial tem mais status que o cidadão comum, e, portanto, se o cidadão comum tem seu carro parado para ser averiguado, caso o policial peça dinheiro para não realizar a averiguação do veículo, trata-se de extorsão. Se o cidadão oferece dinheiro para que o policial não realize a averiguação do veículo, trata-se de suborno. A distinção entre suborno e extorsão varia de sociedade para sociedade sendo moldada pela estrutura de status entre o público e o privado.  Se no tema do ano passado (WEES 2016 – Tempos de Turbulência e Estagnação) o desenvolvimento econômico brasileiro tinha um papel central, nos dias atuais a turbulência se intensificou, revelando os dilemas morais e de status presentes na relação entre Estado e Mercado, o Público e o Privado. Mercado, Estado e Empresas foram atropelados por investigações criminais que desnudam as suas interações sombrias, cujos impactos no desenvolvimento econômico são flagrantes assim como os seus impactos na discussão sobre a construção moral de nossa sociedade.

          Essa sombria interação não é exclusividade brasileira, Noam Chomsky e Mariana Mazzucato argumentam que grande parte das inovações desenvolvidas por corporações americanas são financiadas com dinheiro público, todavia o lucro gerado por elas é apropriado por essas corporações. Ao mesmo tempo corporações e o mercado financeiro americanas advogam uma menor participação e regulamentação do Estado sobre suas atividades. Mas o caso brasileiro é emblemático, tanto pela profundidade da imbricação entre o público e privado quanto pelo seu impacto na economia e na política do país. Tudo isso ocorrendo em um momento em que parte expressiva da sociedade advoga por um fortalecimento do Mercado e da Empresa frente ao Estado.

          A interação entre o Mercado, Empresa e Estado sempre foi preocupação importante entre os pesquisadores participantes do WEES. A Moral e as Moralidades vêm complementar essas discussões acompanhadas do ressurgimento da Moral como parte central dos estudos em Ciências Sociais e em especial na sua relação com a Economia, o Mercado e as Empresas. É dessa confluência entre contexto brasileiro contemporâneo e interesse teórico-científico que nasce o tema do XI Workshop Empresa, Empresários e Sociedade.  

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